CÉLIA PORTELA, A GRANDE VOZ CAMPEÃ DA 5º EDIÇÃO

É CAMPEÃ! A mineira CÉLIA PORTELA, de Belo Horizonte (MG), se consagra vencedora da quinta temporada, após uma disputa ferrenha, décimo a décimo, com a vice-campeã BRENDA CALBAIZER. Completando o pódio, temos a também mineira de BH MARIA SABRINA, que é filha do cantor Wando.

A paranaense Brenda Calbaizer liderou o ranking oficial por quase todo o percurso da final, mas Célia virou na final e, por apenas 3 décimos, vence o programa. Célia foi orientada pelo time LIFF (Lívia Itaborahy, Jeff e Gabiá) ao longo da temporada e, na final, representou a técnica Lívia Itaborahy - que, vejam só, também é mineira de BH. 

Célia destacou-se ao longo da temporada, sempre recebendo pontuações expressivas do júri convidado. Foi a vencedora da homenagem a Caetano Veloso, chegando a ser divulgada na página "Caetano é Foda". Na ocasião, cantou "Sou Seu Sabiá". Antes, Célia já havia encantado a todos com "Vapor Barato" (na fase dos duelos, em que superou a oponente Rafaela Silva) e "E.C.T", na fase do Quinteto Temático. 

Na semifinal, Célia decidiu reverenciar sua terra, e cantou Minas pela canção "Certas Coisas". Na final, trouxe a autoral inédita "Mais Um", além de "Cheiro de Amor" (homenageando Paulo Sérgio Valle) e "A Rota do Indivíduo", de Djavan. Aquela mineira que chegou de mansinho, com "Atrás da Porta" nas audições, e desde aquele momento já havia conquistado o coração de todos; aquela mineira que reverencia Gal Costa em seus shows, é a VOZ desta edição, consagrando-se no mesmo dia que a Gal Costa completou 3 anos de partida. Parabéns, Célia! Siga firme em sua jornada musical. Sem dúvida, você é, hoje, uma das maiores vozes do Brasil. E temos máximo orgulho de ter podido contar com você, conosco, nesta temporada.

Live da Final - Resultados

Rankings, revelação da Madame X, vídeos especiais, convidados especiais, entre eles, o grande PAULO SÉRGIO VALLE, e muitas emoções! Elege-se, aqui, a VOZ CAMPEÃ DA QUINTA EDIÇÃO!

Dump da Final

A final não podia passar em branco: temos DUMP! Recortes aleatórios e hilários dos candidatos, técnicos, assistentes e convidados. Regozijem-se! :)

Homenagem póstuma 

à Gal Costa

No dia 9/11/25, completaram-se 3 anos da morte de Gal Costa. E, coincidentemente, esta foi a data da live da final da quinta temporada da Grande Voz. Sendo assim, não poderíamos passar em branco, sem prestar esse devido tributo a uma das maiores vozes do Brasil. Foram convidadas cantoras que fizeram parte desta edição para que, juntas, fizessem um lindo vídeo coletivo. Interpretaram "Baby" e "Folhetim", dois dos grandes sucessos na voz de Gal. Confiram abaixo:

"Paulo Sérgio Valle, 

uma homenagem", 

por Zeca Azevedo

"Minha vida daria um filme." Quantas vezes ouvimos alguém dizer tal coisa? Em princípio, uma vida humana poderia render um filme se considerarmos que cada uma representa em algum grau todas as outras. Talvez algumas vidas sejam mais atraentes do ponto de vista narrativo porque contêm aventuras, romances e episódios incomuns em profusão. Tendemos a imaginar que algumas pessoas cujas atividades profissionais conferem notoriedade a elas têm vidas mais venturosas ou relevantes do que as daqueles que cumprem suas jornadas existenciais de modo discreto, até mesmo anônimo.

Quando pensamos em Paulo Sérgio Valle, autor de letras de canções incrustadas nas vidas de milhões de brasileiros por mais de seis décadas, supomos que a vida dele daria um filmão. Como não pensar deste modo quando ouvimos os textos que ele acoplou a centenas de melodias arrebatadoras? Para escrever tanto, por tanto tempo e com tanto êxito, o homem deve ter se baseado em fatos que vivenciou ou então testemunhou em primeira mão. A amplitude do alcance dos textos de Paulo Sérgio Valle vai dos sabores e dissabores dos amores até a maldade da realidade política e social do Brasil. Compilada e analisada, toda a obra de Paulo Sérgio Valle é registro fiel das sensibilidades e dos costumes do povo brasileiro de meados da década de 1960 até hoje.

É claro que parte considerável dos textos de Paulo Sérgio Valle pode resultar dos fecundos exercícios da imaginação própria dos poetas e dos romancistas, mas essa observação não torna ilegítima a suposição de que a vida dele teve e tem mais emoções e mais observações bem-sucedidas sobre a natureza das relações humanas, em particular a dos vínculos afetivos mais íntimos, do que as nossas. De outro modo, como tanta gente apropria as palavras de "Preciso aprender a ser só", de "Razão de viver", de "Às vezes penso", de "Aguenta coração", de "Evidências" e de tantas outras canções de amor como se fossem trechos de seus diários particulares e acessíveis a ninguém? Como pessoas de diferentes segmentos sociais podem identificar-se tanto com letras de canções que denunciam a hipocrisia e o mal próprios da existência em uma sociedade hierarquizada à força como "Viola enluarada", "Com mais de 30", "Mustang cor de sangue", "Capitão de indústria" e "Black is Beautiful"?

Aqueles que creem em forças sobrenaturais dirão que alguns indivíduos são designados por autoridades divinas para conduzir à iluminação os seus pares em larga escala. Os materialistas afirmarão que o talento para a expressão de anseios coletivos é construído não somente na prática, mas na teoria, a partir do pensamento crítico. Sejam quais forem as origens do talento de Paulo Sérgio Valle, o certo é que ele o exercita à perfeição. Ele é capaz de esclarecer e de comover pessoas de todos os segmentos sociais sem supervalorizar o próprio ego, sem transformar-se em um personagem de si mesmo como fazem alguns letristas notáveis da música brasileira.

Antes de ser literatura, a obra de Paulo Sérgio Valle é Vox Populi: ela retrata as nossas vidas como elas são. E o retrato não é tirado em ângulo plongée, de cima para baixo, mas ao rés-do-chão, em perspectiva olho no olho. As palavras que ele coloca em canções alcançam a todos sem circunvoluções retóricas e por isso soam autênticas e íntimas. Paulo Sérgio Valle é um de nós. A prova disso está na boca do povo: a multidão que, ao sair de um estádio de futebol, cantou "Evidências" de forma espontânea é uma das muitas instâncias que demonstram o caráter democrático e primordial da obra de um dos nossos artistas populares mais importantes.

Dos finalistas que empreenderam essa bela e merecida homenagem ao Paulo, coube a mim eleger 1 intérprete para conceder 1 ponto bônus nessa final. E a minha escolha foi:

CÉLIA PORTELA, que cantou "CHEIRO DE AMOR" (PONTO EXTRA PARA ELA)

Comentário: Leitura deliciosa e original da canção celebrizada por Bethânia. Puro deleite. Célia é uma cantora de primeira linha.

Sobre os demais também teci comentários e aqui os registro. Vocês fizeram jus à obra de Paulo. Parabéns!

LIA LIRA: cantora perfeita, voz e técnica superiores. Pelos comentários que ouvi na live, ela me pareceu subvalorizada pelos demais responsáveis pelas atribuições de notas. É uma cantora de imenso talento. 

BRENDA CALBAIZER: cantora e estrela que certamente terá carreira longa e proveitosa. Tem voz linda. Com performance vocal impressionante.

MARIA SABRINA: fez uma bonita versão em ritmo de samba da canção que escolheu. E a cantou muito bem.

VINI NOMINATO: tem um timbre vocal distinto e muito bonito. Fiquei com a impressão de que ainda falta um tantinho de maturidade para que ele encontre seu pleno potencial (falo apenas baseado no vídeo que assisti).

OTÁVIO NAVES: talentosíssimo, com voz extensa e bonita. A leitura que fez da canção que escolheu ficou próxima da de Alcione, embora ele tenha identidade vocal bem definida. Belo arranjo instrumental.

LIS MIRANDA: belo timbre, emissão vocal irretocável, leitura da canção ao ponto. Pode fazer sucesso como cantora romântica.

SARA GERALDO: fez uma releitura excepcional de "Evidências", que parece saída do repertório da jovem guarda. A performance vocal foi boa, mas não excepcional.

CAROLINE MASIOLI: bela voz, mas creio que a interpretação dela de "Viola enluarada" deu mais ênfase à beleza da canção do que à mensagem. A troca de palavra que ela fez na letra foi uma ousadia que, para mim, indica que ela não incorporou completamente a canção. Mesmo assim, saiu-se bem no quesito vocal.

TAYRONE OLIVEIRA: cantor maduro, que conhece a própria voz e sabe como colocá-la a serviço da canção. 

DJANE LIMA: teve a bela performance um tanto prejudicada pelo volume excessivo da base instrumental.

THAISSA: ela tem voz talhada para canções românticas como a que escolheu, mas precisa projetar com mais firmeza alguma individualidade.

TRIO SOA FAMILIAR: belo arranjo vocal, remete aos grupos vocais da bossa nova. Belas harmonias.

GESSY PAES: fez uma leitura correta da canção, sem firulas vocais. Também foi prejudicada pelo volume excessivo da base instrumental. Apesar disso, é talentosa.

AYMARA NIKATO: voz com timbre bacana, afinação indiscutível, interpretação correta da canção. 

ALAN BRANDÃO: a despeito da releitura original e bonita que fez da canção, adequada ao conteúdo da letra, a performance vocal dele podia ter sido mais bem-acabada. Talvez tenha faltado tempo para ele trabalhar a canção como podia.

ZECA AZEVEDO foi colaborador da Rolling Stone Brasil e dos sites Rock Press e Sul 21. Escreve ocasionalmente para o site Célula Pop. Participou dos livros "1979: O ano que ressignificou a MPB" e De tudo se faz canção: 50 anos do Clube da Esquina", editados pela Garota FM Books, e "100 Grandes Álbuns do Rock Gaúcho". Integra o time de colaboradores do livro "1985 - O Ano Que Repaginou a Música Brasileira", a ser lançado na segunda metade de 2025.

Célia Portela, campeã da homenagem a Caetano Veloso

Cinco candidatos prestaram uma linda homenagem a Caetano, neste ano que lhe é tão simbólico. São incríveis sessenta anos de carreira, de uma riquíssima contribuição à nossa música, nossa cultura. Os candidatos fizeram bonito, mas dos 5, apenas 1 deles seria consagrado (a) vencedor (a) pelo voto do júri. E foi ela: Célia Portela, do time Liff (Lívia Itaborahy e Jeff). Célia interpretou a canção "Sou Seu Sabiá", do álbum "Noites do Norte" e que também tornou-se célebre na voz de Marisa Monte. O vídeo de Célia foi publicado em collab na página, que possui mais de 210 mil seguidores. Parabéns, Célia!

Depoimentos