De Olho no PC

Ele não só está de olho! Está muito mais de OUVIDO bem atento a todas as vozes que passam pela quinta temporada da Grande Voz. Wesley PC, mestre com Comunicação Social, crítico musical e de cinema, radialista e membro da ABRACCINE, vai listar seu top 4 e suas menções honrosas ao longo dos episódios. Sempre com seu olhar arguto e repleto de referências, Wesley, que é fã da Eurovision, nos brinda com este quadro "DE OLHO NO PC". Aqui, nesta página, serão publicadas todas as suas colunas. Siga o Wesley em @pseudokane3  (clique no @ ou na foto dele e seja direcionado à rede).

Episódio 2 - Audições

Olá! Estamos aqui mais uma vez :) 

Depois de um primeiro grupo de audições com ótimos resultados, ficamos progressivamente exigentes, ansiando por interpretações ousadas, e não apenas tecnicamente qualitativas. Para a nossa satisfação, fomos bem atendidos neste requisito. Obviamente, surgiram as canções que são arroz de festa em qualquer sessão de karaokê ("Como Nossos Pais", "Put Your Head on My Shoulder", "Quando a Chuva Passar", "Glory of Love", "I Will Always Love You"), bem como as evocações de musicais hollywoodianos ou da Broadway ("Cabaret", "Fama", "O Fantasma da Ópera"), mas também fomos agraciados por composições autorais e escolhas inusitadas. Nossas audições favoritas pertencem a este último grupo:

1 – Candidatura 50 – "I'm Every Woman": sem querer imitar a Chaka Khan, a candidata entrega a dose requerida de gritos, mas interpreta a canção de maneira íntima, contrariando a letra da canção e demonstrando-se como uma mulher super especial. Gostei tanto, que fiz questão de repetir a canção. Ótima interpretação!

2 – Candidatura 67 – "Muito Estranho": a pujança vocal do intérprete surpreende desde a nota inicial, por seu tom grave. Quando passa para as notas agudas, mantém a excelência nesta evocação do clássico de Dalto. Emociona e impressiona, uma audição de campeão!

3 – Candidatura 76 – "Eu Vou": uma composição autoral sobre alguém que "demorou a se encontrar", mas que, depois de fazê-lo, não quer voltar atrás. A interpretação, de maneira metalingüística, faz algo muito semelhante: apesar de as sílabas mais demoradas demonstrarem uma dificuldade na adequação da respiração à expressão, os versos são pronunciados com tamanha emoção, que somos contagiados por aquilo que está sendo comemorado na letra. À medida que a canção avança, a audição melhora tanto que temos certeza de que, sim, ela vai, ela continuará… Muito boa!

4 – Candidatura 79 – "Un'Altra Té": o primeiro impulso é o de categorizar esta interpretação como exótica, por causa da conjuntura analasada da voz, talvez num esforço para se assemelhar ao timbre do Eros Ramazzotti. Mas a pronúncia dos fonemas italianos está tão segura, há algo de tão corajoso na escolha da canção que, desde o começo, esta audição ficou entre as nossas prediletas. Neste concurso, afinal, há espaço para todas as vozes, para todas as entonações, para todos os timbres…

* Menção honrosa – Candidatura 47 – "Cor da Noite": composição autoral, letra bonita, com ótimas rimas, letra fascinante e interpretação apaixonada, dramatizada, conhecedora de causa acerca do que está sendo cantada. Muito, muito boa: foi exitosa ao falar "do amor que veio para cantar". Se puder ser alçada a condição de escolhida, entre as quatro supramencionadas, aplaudiremos!

De resto, também aplaudimos a ótima desenvoltura na audição número 54, que aderiu com fervor aos rasgos de fúria feminina, na execução de "The Emptiness Machine", da banda Linkin Park. 

Até o episódio 3! :)

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Episódio 1 - Audições

Diante deste primeiro conjunto de canções - quarenta apresentações! -, notamos algumas escolhas óbvias ("Evidências", "Como Nossos Pais", "Creep" e sucessos da Broadway à frente) e outras inusitadas (canções autorais, composições do Eurovision e até mesmo uma audição em polonês!), com resultados variados: quando os cantores traduzem para o seu universo pessoal aquilo que fora anteriormente cantado por outrem, funciona bastante. Vide o que o candidato 05 faz em sua versão de "A Palo Seco", por exemplo.

Meu TOP 4 fica assim:

* Candidato 05: pelos motivos supracitados, a sua interpretação de "A Palo Seco" aproveita tanto a grandiloquência discursiva da gravação original quanto a entrega do cantor àquilo que a letra lhe diz pessoalmente. Uma performance vencedora, indubitavelmente.

* Candidata 07: "Memory" é uma escolha óbvia neste tipo de competição, mas não é todo mundo que consegue entregar uma interpretação tão bonita, intensa e à altura daquilo que a canção provoca em nós. Emocionante interpretação!

* Candidata 10: as canções 'gospel', por aquilo que movimentam, à guisa de identificação em relação ao que é sentido pelos compositores e intérpretes, requerem intensidade e autenticidade, por parte de quem cantam. Isso foi obtido com louvor aqui, literalmente. Excelente apresentação!

* Candidato 09: goste-se ou não de música sertaneja, não se pode ignorar que a interpretação em pauta foi muito exitosa ao imitar os cacoetes vocais do intérprete Daniel e, ao mesmo tempo, trazer algo para si, ao comentar, vocalmente, que "esta [canção] representa!". Fisga quem está ouvindo, portanto.

Menção honrosa: Candidata 34: cantar "Voilá" é uma aposta segura, e que, mais uma vez, deu certo aqui. Toda a potência vocal de Barbara Pravi foi bem representada por esta brasileira. Ótima apresentação!

Congratulo a todos e todas deste episódio inaugural e aguardemos quem serão os classificados na próxima segunda-feira, dia 5. Até mais ver!

Five Comeback - Rodada 2

Olá! Estou muito contente e poder partilhar um pouco do meu saber com vocês. 

Ouvindo a 'playlist' "Five Comeback – Segunda Parte", sinto-me na obrigação de reagir elogiosamente a algumas das interpretações: para começar, esta bela celebração que atende pelo nome de "Canção pra Vida", composição de Alan Brandão, que exorta o cuidado, a paciência e a necessidade de "não perder a fé quando ficar ruim" de maneira terna e graciosa. Como não agradecer por isso, ao término desta curta porém marcante canção, que nos convida a múltiplas audições?

Segue-se outra interpretação autoral, "Nem a Mais Linda Canção", por VIRGOH, sobre um peito que chora ao não poder encontrar alguém. Uma letra sobre uma percepção de solidão, que requer uma entrega cancional emocionada e permeada por rompantes dramatúrgicos. O cantor faz isso bem, ainda que, na gravação apresentada, nem sempre consigamos ouvir adequadamente alguns versos…

Em "Espelho", de Dani Miranda, os acordes estão excessivamente sobrepostos, de modo que a voz do cantor não está tão perceptível. É interessante como ele se movimenta durante a interpretação, e a conjuntura 'pop' da letra cativa quem cresceu ouvindo 'rock' brasileiro oitentista. Parece algo que já ouvimos antes, mas possui também um charme peculiar.

Thiago Zwarg, ao interpretar "Perfect", segue um caminho planejado, numa canção feita para encantar e emocionar. Há algo de burocrático na entrega, mas a voz demonstra-se potente. Talvez não tenha combinado tanto com esta canção em particular.

Em "I Was Wrong", Felipe Holmack soa um tanto contido, enquanto a canção requer uma perfomance mais rasgada. Num palco, funcionaria bastante. Mas, da maneira como foi apresentada, a debilidade de algumas notas estendidas ficou em evidência.

Cíntia Marques capricha em "Nada Mais (Lately)", demonstrando muita segurança nas variações de tom da canção. Sua voz é fascinante tanto nos instantes mais calmos quanto nos rompantes do refrão, bem como nos falsetes do desfecho. Muito boa!

Interpretando a conhecidíssima "Caçador de Mim", LIA se destaca pela entonação emocional, querendo conter em si aquilo que grita na canção. É um jogo interessante de intenções, que explode positivamente nos gritos. Surpreende!

"Seja Gentil" é uma canção com uma mensagem bonita, e se beneficia das repetições 'in crescendo' da frase titular, mas algo na interpretação da Christine Mendes pareceu refreada, de modo que a canção como um todo soa irregular, em sua apresentação. Mas, quando atinge seus píncaros, funciona bastante!

A rouquidão de Gessy Paes é muito bem explorada em "Hold On". Interpretação poderosa e ótimo entrosamento com os demais músicos, além de uma pronúncia personalizada da letra em inglês. Ótima, uma das melhores deste primeiro conjunto de apresentações.

Por fim, uma obra-prima romântica, "Ben", na voz terna de Antoniela. A sua voz é maravilhosa, mas há algo de tenso na apresentação, como se a cantora estivesse mais preocupada em não errar a letra que em interpretá-la, transladá-la para o seu compêndio pessoal de emoções. Merece ser conferida, noutras oportunidades.

Por hoje é só. Até a próxima leva!