Homenagem ao Artista Brasileiro

Carlos Colla

Autor de mais de duas mil músicas gravadas, o cantor, compositor e produtor Carlos Colla foi o primeiro artista brasileiro a receber a homenagem da Grande Voz, que estreou esse quadro na 3º edição. Colla, na ocasião, foi também jurado, participou de duas lives e presenteou a campeã Lola Borges com uma canção sua, inédita. Nascido no Rio de Janeiro, Colla escreveu grandes hits para Roberto Carlos, Sandra de Sá, José Augusto, entre tantos outros. Sucessos imortais como "Hoje a Noite Não Tem Luar", "Falando Sério", "Bye Bye Tristeza", "Sonho Lindo" e "Meu Disfarce" foram interpretados pelos finalistas da 3º edição. Clicando aqui, você terá acesso à playlist contendo todos esses vídeos. Pouco mais de 1 ano após a homenagem, Colla veio a falecer e deixa muita saudade. 

Paulinho

Paulo César Santos, o Paulinho do Roupa Nova, um dos maiores intérpretes brasileiros que nos deixou no dia 14/12/2020, aos 68 anos, devido à COVID-19. Iniciou sua vida de cantor em bandas de baile, ao lado de Kiko e Feghali. Mais tarde estariam juntos, na banda ROUPA NOVA. Em 2009, ganhou o Prêmio Grammy Latino de Melhor Álbum Pop Contemporâneo. Interpreta grandes hits do Roupa Nova, como "Meu Universo é Você" e "Linda Demais". Foi homenageado na edição All Stars, a 4 edição, da Grande Voz. Clicando aqui você terá acesso à playlist com esse lindo tributo!

Biafra

Cantor, compositor, Maurício Pinheiro Reis, mais conhecido como BIAFRA, é um dos homenageados da quinta edição da Grande Voz. Seis cantores se encarregarão de interpretar seus sucessos. Biafra é dono de hits como "Leão Ferido" e "Sonho de Ícaro", e possui dois Discos de Ouro na prateleira. Lançou 14 discos em sua carreira.

Paulo Sérgio Valle

Compositor, poeta, e um dos maiores hitmaker brasileiros, letrista de "Evidências" - considerado o "segundo hino brasileiro", e de outros sucessos como "Você me Vira a Cabeça", "Se Eu Não Te Amasse Tanto Assim", "Viola Enluarada", "Black is Beautiful", etc. será o terceiro artista brasileiro a receber a homenagem da Grande Voz, que estreou esse quadro na 3º edição. Paulo também escreveu jingles famosos, como "Um Novo Tempo", exibido tradicionalmente na época do Natal, na Rede Globo.

"Paulo Sérgio Valle,

uma homenagem",

por Zeca Azevedo

"Minha vida daria um filme." Quantas vezes ouvimos alguém dizer tal coisa? Em princípio, uma vida humana poderia render um filme se considerarmos que cada uma representa em algum grau todas as outras. Talvez algumas vidas sejam mais atraentes do ponto de vista narrativo porque contêm aventuras, romances e episódios incomuns em profusão. Tendemos a imaginar que algumas pessoas cujas atividades profissionais conferem notoriedade a elas têm vidas mais venturosas ou relevantes do que as daqueles que cumprem suas jornadas existenciais de modo discreto, até mesmo anônimo.

Quando pensamos em Paulo Sérgio Valle, autor de letras de canções incrustadas nas vidas de milhões de brasileiros por mais de seis décadas, supomos que a vida dele daria um filmão. Como não pensar deste modo quando ouvimos os textos que ele acoplou a centenas de melodias arrebatadoras? Para escrever tanto, por tanto tempo e com tanto êxito, o homem deve ter se baseado em fatos que vivenciou ou então testemunhou em primeira mão. A amplitude do alcance dos textos de Paulo Sérgio Valle vai dos sabores e dissabores dos amores até a maldade da realidade política e social do Brasil. Compilada e analisada, toda a obra de Paulo Sérgio Valle é registro fiel das sensibilidades e dos costumes do povo brasileiro de meados da década de 1960 até hoje.

É claro que parte considerável dos textos de Paulo Sérgio Valle pode resultar dos fecundos exercícios da imaginação própria dos poetas e dos romancistas, mas essa observação não torna ilegítima a suposição de que a vida dele teve e tem mais emoções e mais observações bem-sucedidas sobre a natureza das relações humanas, em particular a dos vínculos afetivos mais íntimos, do que as nossas. De outro modo, como tanta gente apropria as palavras de "Preciso aprender a ser só", de "Razão de viver", de "Às vezes penso", de "Aguenta coração", de "Evidências" e de tantas outras canções de amor como se fossem trechos de seus diários particulares e acessíveis a ninguém? Como pessoas de diferentes segmentos sociais podem identificar-se tanto com letras de canções que denunciam a hipocrisia e o mal próprios da existência em uma sociedade hierarquizada à força como "Viola enluarada", "Com mais de 30", "Mustang cor de sangue", "Capitão de indústria" e "Black is Beautiful"?

Aqueles que creem em forças sobrenaturais dirão que alguns indivíduos são designados por autoridades divinas para conduzir à iluminação os seus pares em larga escala. Os materialistas afirmarão que o talento para a expressão de anseios coletivos é construído não somente na prática, mas na teoria, a partir do pensamento crítico. Sejam quais forem as origens do talento de Paulo Sérgio Valle, o certo é que ele o exercita à perfeição. Ele é capaz de esclarecer e de comover pessoas de todos os segmentos sociais sem supervalorizar o próprio ego, sem transformar-se em um personagem de si mesmo como fazem alguns letristas notáveis da música brasileira.

Antes de ser literatura, a obra de Paulo Sérgio Valle é Vox Populi: ela retrata as nossas vidas como elas são. E o retrato não é tirado em ângulo plongée, de cima para baixo, mas ao rés-do-chão, em perspectiva olho no olho. As palavras que ele coloca em canções alcançam a todos sem circunvoluções retóricas e por isso soam autênticas e íntimas. Paulo Sérgio Valle é um de nós. A prova disso está na boca do povo: a multidão que, ao sair de um estádio de futebol, cantou "Evidências" de forma espontânea é uma das muitas instâncias que demonstram o caráter democrático e primordial da obra de um dos nossos artistas populares mais importantes.